quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um colo

Ela tinha inveja das amigas que se davam bem com suas mães. Simplesmente porque não encontrava naquele colo provável a calma que precisava. Ela não se lembra de ter deitado no colo da mãe. De ter chorado e sentido ali conforto. Ao contrário, a convivência era tensa. Não entendia por que sempre foi assim. E isso não mudaria. Ela tinha muita inveja das amigas que contavam da amizade com suas mães, como se isso fosse natural. Para ela, era uma batalha perdida. Agora que ela é mãe, entende um pouco das angústias da outra e é capaz de perdoá-la. Mas sabe o que não deve fazer. Então, quando a mãe diz pra deixar o filho chorando, que ele aprende, ela não aceita. Está lá com seu colo pronto, precisando o filho ou talvez nem tanto. Ela é como um general em vigília. A primeira regra que aprendeu é que não existe regra. Ela não vai deixar seu filho chorar para que ele aprenda sozinho. Nunca. Ela está ali para ensinar. Ou apenas para oferecer seu abrigo quente.

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