quarta-feira, 7 de abril de 2010

Algumas verdades sobre ser mãe

- Você deixa de assistir ao Manhattan Connection. Seu programa favorito passa a ser Sinhá Moça;
- Você diz que não, mas no fundo se acha insubstituível para seu filho;
- Você para de usar perfume e unhas grandes;
- Sim, é verdade, você não dorme. Bem, de vez em quando, tem a sorte de dormir seis horas. Detalhe: interruptas;
- Você tem a sensação de que não terá vida própria mais. E não terá mesmo;
- Você entra na Zara e vai direto à seção infantil. Depois, dá uma olhadinha no resto;
- Você percebe que trabalhava pouco no seu emprego. Trabalho duro é o de casa, 24h por dia, sem feriado, férias e salário;
- Você descobre se o homem da sua vida é mesmo o homem da sua vida se ele é um bom pai;
- Você passa a selecionar as suas roupas pela facilidade de abrirem na frente;
- Você percebe que sua mãe deu um duro danado. E que demorou anos (anos e anos) para você valorizar isso;
- Você tem culpa de tudo: das tragédias mundiais, da corrupção no Brasil, do trânsito na cidade;
- Você passa a ser pontualíssima: de três em três horas, aconteça o que acontecer, seu filho tem que comer. E você é responsável por isso;
- Você vira um bagaço;
- Algum dia, uma sirigaita qualquer vai roubar seu filho e você vai sobrar;
- Sim, tudo terá valido a pena. E, quando seu filho finalmente agradecer, você vai sorrir e dizer, como se nada tivesse acontecido: foi um prazer. As mães realmente esquecem a peleja.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O palhaço


O palhaço chegou fazendo graça, ainda que não houvesse motivos para ele sorrir. Talvez seja um código da ética dos palhaços: fazer os outros sorrir, mesmo quando não se acha graça. Então, ele perguntou: que gosto tem a lágrima do palhaço? Doce? Tem gosto de água? Ela ficou pensando. Pobre palhaço. Era ele quem mais precisava sorrir. E percebeu que o palhaço chorava escondido na sua graça. Sua lágrima, sim, era doce. Porque tinha o gosto do sorriso. De graça.