quarta-feira, 26 de novembro de 2008

30, 20 ou 40?

Engraçado como depois de 30 anos a gente já começa a se achar velha. Bom, pelo menos para a turma de 20, já somos anciãs. Depois de dez anos de mercado, então, já com alguns calos e muitas feridas, é preciso tomar cuidado com as palavras e os conselhos para os colegas que estão começando. Não vale a pena contaminar a turma jovem com a realidade dura de quem já engrossou o couro. Melhor deixar os novos talentos acreditarem que a profissão é um mar de rosas. E que eles nadarão neste oceano límpido. Pra que dizer que tucanaram a exploração de mão-de-obra e que agora ela se chama desafio? Bobagem.
Melhor esquecer as perdas e pensar que ainda estamos na idade de ganhar. Seria bom esquecer também que as rugas aumentam a cada dia, os cabelos brancos se multiplicam na velocidade da luz e, pior de tudo, os casamentos não duram até que a morte os separe. A vida mesmo se encarrega disso.
Há poucos dias, me disseram que os 30 anos correspondem à adolescência da maturidade. Queremos ir a um lugar que não sabemos onde, com urgência; queremos todo o sucesso do mundo, mas já estamos com alguma preguiça para correr atrás de tanta informação. Melhor investir numa nova especialização, viajar para a África, casar de novo, fazer uma produção independente, uma depilação a laser ou simplesmente não fazer nada? São tantas possibilidades e parece fácil acessá-las como uma busca no Google. Quem sabe aos 40 acabe essa ânsia? Bom, vou fazer como as minhas amigas de 20: fechar os olhos, pensar que estou flutuando rumo ao céu e aguardar a próxima onda quente e suave.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Inquietude

E foi assim outra vez
Que aquela dor voltou no meio da noite
Dilacerando os retratos da memória
E gritando em meus sentidos
Que dos sonhos não vividos
Restou apenas a mortalha

Outra vez bate forte
Aquela vontade de ir desesperadamente
Te deixar e ao mesmo tempo te buscar
Bem longe de tudo, longe de mim

Que inveja da arrumadeira
Que me disse humildemente
Moça, tenho que saber o meu lugar
Que lugar é esse que ela sabe onde
Quem sabe lá posso aquietar
O lago agitado da minha alma

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Fora de prumo (arquivo de viagem a Itacaré/BA)

De repente a vida saiu do prumo
Então fiquei sem rumo
Mas onde mesmo está escrito
Que o imprevisível não pode ser bonito?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Página em branco

Escrevia a minha história
Pensando ser só uma, quem diria
São muitas e cada um escreve a sua
Na mesma página em branco

Busco cores, sons e palavras novas
No fundo, todos temos a mesma essência
Para preencher a página em branco
Emoldurada pelo horizonte infinito

Enquanto escrevo a minha história
Você escreve a sua, amor
Sem certo, nem errado
Só tentando fazer o melhor

E sem jogar fora a chance
De tornar bonita, eterna
E azul como o Mar Vermelho
A página branca da vida