sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pequeno milagre

Ela saiu apressada do escritório. Atrasada. Pegou o carro como sempre fazia e foi à consulta o mais rápido que pôde, tentando não se estressar ainda mais com o trânsito caótico. Chegou esbaforida e sentou-se, ainda lendo o folheto do congresso que o chefe a convidou para participar. Era a única no meio daquela clínica que tinha o pensamento no trabalho. Ali o clima era outro. Mas achou normal. Foi chamada pelo nome e entrou na sala. Seguiu as orientações do simpático médico, colocou uma roupinha estranha, deitou-se. E ali assistiu a uma busca sem resposta exata. Não sabia o que iria encontrar. O médico já estava certo. Mas ela ainda não acreditava. Uma sombra em movimento e depois, como num arquivo de áudio qualquer, ondas sonoras apressadas e fortes como um batuque de samba. Bonito. Aquela era a música mais linda que jamais tinha ouvido. Era o coraçãozinho dele gritando a vida. Foi ali que se viram pela primeira vez e se sentiram. Um do outro. Tão perto. Não havia dúvida. Ele estava ali. Era de verdade. Pequeno milagre que interrompeu toda a rotina. Pela primeira vez, ela chorou. Não sabia se de alegria, medo ou o quê. Talvez apenas de amor. O maior amor do mundo.